10 de novembro de 2015

Ex Machina

Máquina do Amor

Dir: Alex Garland, Reino Unido, 2015, 108min
IMDB: clique aqui
Trailer: clique aqui


A Inteligência artificial levada à sério. Isso é o que se pode esperar de Ex Machina, filme britânico que, infelizmente, sequer passou pelos cinemas brasileiros, sendo lançado diretamente em DVD, e passando despercebido por boa parte da crítica e do público.

Assim como fiz no pitaco de Vingadores - Era de Ultron (clique aqui para ler), novamente sugiro aqui o ótimo texto do blog Wait But Why que trata dos computadores pensantes (clique aqui), que podem ser a maior revolução na História ou podem ser o caminho mais curto para a completa aniquilação humana.

Na trama, um programador de um grande conglomerado de buscas da internet (qualquer semelhança com o Google não é mera coincidência), Caleb (Domhnall Gleeson), é sorteado para passar um tempo com o dono da empresa, Nathan (Oscar Isaac). Quando chega ao local ele descobre que seu propósito de estar lá seria o de aplicar o Teste de Turing, que consiste em avaliar se uma máquina consegue se passar por humano (aliás, o brilhante Alan Turing ganhou recentemente uma cinebiografia bem meia boca, O Jogo da Imitação, clique aqui para ler o pitaco). No caso, de cara Caleb sabe que estará lidando com uma máquina, e o desafio será de buscar alguma inconsistência que ateste que a máquina não é uma mulher, como parece.

Uma das características mais notáveis na androide Ava (Alicia Vikander) é o fato de ter como uma de suas características o componente sexual. Aliás, qualquer um que queira criar uma máquina que se passe por humano não pode esquecer disso. Começa aí o jogo de sedução e manipulação entre Ava e Caleb, que deixa o protagonista completamente perdido com relação a todos os seus referenciais na vida.

O roteiro é denso e intelectualmente complexo. As discussões envolvem filosofia e semiótica (a ciência que estudo os sistemas de significação), necessárias quando se discute inteligência artificial, tendo em vista que para tentar recriar o pensamento humano temos que entender o que é o pensamento humano. Há também algumas referências culturais relativamente refinadas, como citações ao pintor contemporâneo Jackson Pollock e ao criador da bomba nuclear, Robert Oppenheimer.

O filme tem um cenário bastante simples, se passando quase que por completo na mansão meio subterrânea meio integrada à natureza de Nathan. Os efeitos visuais da criação do corpo de Ava são muito bem feitos. A música discreta casa-se perfeitamente ao tema, gerando um incômodo e uma tensão permanentes.

O elenco também acompanha essa simplicidade, com apenas 4 personagens, com grandes atuações. O protagonista, Domhnall Gleeson, é o que menos se destaca, mas não deixa a desejar. Seu antagonista, Oscar Isaac, surpreende no papel, compondo uma personagem muito enigmática. Vale lembrar que ambos estarão presentes no aguardado Star Wars: O Despertar da Força (que pretendo analisar aqui no dia do seu lançamento). E Alicia Vikander seduz e confunde a todos com seus belos e grandes olhos. Todos eles são estrelas em ascensão em Hollywood e vale guardar seus nomes (Vikander está cotada para uma indicação à atriz coadjuvante pelo futuro lançamento A Garota Dinamarquesa).

A direção do novato Alex Garland (que tem em seu currículo alguns roteiros, incluindo o deste filme) é bastante eficiente e extrai o máximo desse minimalismo de cenários e personagens. A edição também é bastante competente em manter a tensão permanente.

Ex Machina é um filme muito bom e merece ser visto por quem gosta de uma estória focando tema atual, uma boa trama e boas atuações. Até o momento, é a melhor produção em língua inglesa de 2015.


Nota: 8

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