15 de dezembro de 2016

Rogue One: Uma História Star Wars

Outras estórias 

Rogue One: A Star Wars Story, Dir: Gareth Edwards, EUA, 2016, 2h14min
IMDB                 Trailer


A Disney comprou a Lucasfilm por conta da mina de ouro que havia dentro dela: o Universo Star Wars. Não estava rendendo tanto quanto poderia por não ser bem administrada pelo seu criador, George Lucas. Mas nas mãos corretas poderia dar lucros enormes. A Disney, além de saber produzir lucros exorbitantes, sabe também cativar o coração das audiências, conseguindo, assim, ainda mais lucros. Foi o que fez com a saga Star Wars ao lançar O Despertar da Força.

No ano passado houve um hype gigantesco com o lançamento deste filme. Não dava pra sair nas ruas sem ver várias pessoas usando camisetas do Star Wars. Brinquedos e mais brinquedos surgiram, fazendo com a saga chegasse aos corações das crianças de hoje.  E os resultados financeiros também impressionaram e chegou-se a dizer que o filme bateria Avatar como a maior bilheteria mundial da história. Não foi o caso, ficando em terceiro neste ranking, mas com mais de 2 bilhões de dólares de faturamento nas bilheterias bateu vários recordes, como maior bilheteria nos EUA e maior bilheteria em fim de semana de estréia.

Além da estória principal, envolvendo a família Skywalker, a Disney quis trabalhar subtramas do universo Star Wars. A primeira delas é esta de Rogue One: Uma História Star Wars (péssima gramática pra tradução, que deveria ser "Uma Estória de Star Wars"). A trama para este filme já estava pronta desde o primeiro filme da saga, de 1977. Veja o que diz o letreiro inicial:

"É um período de guerra civil. Partindo de uma base secreta, naves rebeldes atacam e conquistam sua primeira vitória contra o perverso Império Galático.
Durante a batalha, espiões rebeldes conseguem capturar os planos secretos da arma decisiva do império, a Estrela da Morte, uma estação espacial blindada com poder suficiente para destruir um planeta inteiro".
Pois bem, estas linhas que serviam para situar o espectador no ambiente do primeiro filme agora são a estória a ser mostrada nas telas. Infelizmente, não fizeram um bom serviço com o material.

A trama anunciada necessitava do enredo de como ocorreu a captura dos planos e de personagens novos nunca citados. Entram aí a protagonista Jyn Erso, menina indisciplinada filha do engenheiro chefe pelo projeto da Estrela da Morte e o co-protagonista Capitão Cassian Andor, espião rebelde. Ao grupo se juntam o andróide K-2SO, o religioso cego Chirrut, seu amigo Baze e o ex-piloto imperial Bodhi.

Mas essa parte que precisava ser criada do zero não foi bem feita. E isso comprometeu todo o filme.

O desenvolvimento da estória não tem muita graça ou muita emoção, algo sempre presente em Star Wars. Há uma tentativa válida de se buscar contar uma estória do universo Star Wars dentro de uma perspectiva completamente nova, junto a pessoas comuns que não possuem poderes especiais e que não se tornarão os heróis da galáxia que é bastante válida. Também é interessante fazer um filme mais sujo, em que não há a clara distinção entre o bem e o mal. Aqui, Império e Rebelião são quase que dois lados da mesma moeda, com personagens em ambos os times capazes de atos monstruosos por sua causa.

Até mesmo na parte estética há um claro rompimento com os filmes anteriores no intuito de mostrar esta outra perspectiva. Objetos familiares como a Estrela da Morte são mostrados sob novos ângulos. Pela primeira vez há legendas dizendo onde estão os personagens e também h à espaços de tempo distintos distintos, ao contrário dos filmes anteriores em que toda a estória se desenvolvia em poucos dias.

O maior problema são os personagens, especialmente a protagonista. Alguns deles tem até seu encanto, como o homem cego de fé inabalável na força, Chirrut, mas não conquistam o coração do espectador, ao contrário de Han, Luke e Leia, e mais recentemente Rey, Finn e Poe. A protagonista é completamente sem graça, não conseguindo levar o espectador a se comover com seu drama particular.

Parte da culpa certamente recai sobre a atuação desajustada de Felicity Jones. Ela não conseguiu dar o tom da persoangem, de uma menina rebelde e independente, mas de grande coração. Faltou tudo aqui dela. Ela aparenta somente estar de corpo presente. Uma tristeza, pois ela mostrou um belo trabalho em A Teoria de Tudo, que lhe valeu uma merecida indicação ao Oscar. Dois grandes atores como Mads Mikkelsen e Forest Whitaker estão muito mal aproveitados em seus papéis sem profundidade. O único que se destaca é Diego Luna, como o espião rebelde que carrega uma grande culpa.

A direção pesada de Gareth Edwards aparentemente se preocupou mais em espetáculos visuais do que com enredo e personagens. Ao menos na parte técnica Rogue One merece alguns elogios. As batalhas espaciais estão entre as melhores da saga, e os efeitos computadorizados atingem um nível assustador, não vou detalhar para não dar spoiler, mas os fãs me entenderão quando virem. A busca por uma direção de arte semelhante ao filme de 1977 também é digna de elogios, com cenários e figurinos muito bem caracterizados, ainda que sejam cópia do primeiro filme.

Rogue One mal foi lançado e já houve quem elogiasse muito o filme. Já outros, como eu, não gostaram. Aparentemente esta divisão de opiniões será a percepção do público em geral, ao contrário de O Despertar da Força que foi quase que unanimemente elogiado. Se se confirmar isso, a Disney terá seriamente que repensar o plano de lançar um filme de Star Wars por ano, sob pena de cansar o público.

Rogue One era um filme com pinta de caça-níquel. Poderia não ser se a estória fosse boa. Infelizmente, o que é muito dolorido para um fã como eu, acabou sendo um filme sem vida. Um grande desperdício de um universo tão amado por muitos, especialmente para este pitaqueiro apaixonado pela saga. E é com pesar que dou uma nota tão ruim a um filme de Star Wars. 

Nota: 3

4 comentários :

  1. Ainda bem que opinião cada um tem a sua, assim como cada um tem uma visão diferente das coisas e sente como bem entender. Pois eu adorei o filme, claro que não pode-se comparar com os 3 (três) primeiros... jamais!
    Mas trouxe sim momentos de pura nostalgia e de ótimas recordações da minha infância e pré adolescência.
    Muito bem feito o filme com os efeitos visuais e sonoros., a Felicity Jones realmente poderia ter dramatizado mais, mas é uma falta pequena diante de um filme vibrante, emocionante, tudo de bom. Nota 9 :p

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    1. Prezada Cris Ribeiro, obrigado pelo comentário. Adoro quando divergem de mim, a diversidade de opiniões é o que torna o mundo um local interessante. Concordo contigo que a parte visual e sonora do filme é muito bem feita. Mas, infelizmente, senti falta de uma estória que me cativasse e me fizesse torcer pelos personagens ou pela causa deles. Passei o filme inteiro tendo que me esforçar pra gostar da estória e ainda assim não consegui. Mas fico feliz em saber que não foram todos os fãs que se decepcionaram. Obrigado por ler meu pitaco. Convido-a a ler meus pitacos sobre Rogue One e sobre a Trilogia original pra ver que eu não sou nem hater e nem um cara que quer criar polêmica sem motivo. Saudações!

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  2. Adoro muito os filmes de Felicity Jones. Sem dúvida eu ancho que tudo mundo deveria conocer a história 7 Minutos depois da meia noite é uom dos melhores filmes da Felicity Jones filmography, se tornou em uma das minhas histórias preferidas desde que li o livro, quando soube que seria adaptado a um filme, fiquei na dúvida se eu a desfrutaria tanto como na versão impressa. Li que Juan Antonio Bayona foi o responsável e fiquei muito satisfeita com o seu trabalho, além de que o elenco foi de primeira. De verdade, adorei que tenham feito este filme.

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  3. Cara Monica, não vi esse filme, mas agradeço pela dica. Obrigado por deixar sua opinião, ela engrandece o pitaco! Abraços!

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