10 de fevereiro de 2017

Até o Último Homem

O Salvador

Hacksaw Ridge, Dir: Mel Gibson, EUA, 2016, 2h19min
IMDB                 Trailer


Muitas pessoas tremem de medo (com razão) só de pensarem na possibilidade de ir para uma guerra. E se fosse para uma unidade de combate? E além de ir você fosse desarmado? E voluntariamente? Essa foi a proeza do herói de guerra americano Desmond Doss, em que se baseia o filme Até o Último Homem.

Doss era um socorrista militar que se recusava a usar armas em combate por princípios religiosos e mesmo assim salvou dezenas de colegas na Batalha de Okinawa da 2ª Guerra Mundial, recebendo a maior condecoração militar dos EUA, a Medalha de Honra (leia mais sobre ele na Wikipedia).

Filmes de guerra americanos facilmente caem numa patriotada exagerada. Aqui Mel Gibson consegue escapar desse exagero, focando mais no aspecto da camaradagem e solidariedade dos homens da tropa em meio aos horrores da guerra, lembrando a ótima série Band of Brothers. Mas isso não o impede de cair em alguns excessos típicos do cinema holywoodiano, como retratar os soldados japoneses como selvagens, filmando-os correndo desenfreadamete em direção aos inimigos parecendo zumbis. Também consegue não tornar seu filme uma pregação religiosa, pois a fé do personagem não é analisada a fundo, é apenas um traço dele que deve ser respeitada. 

Mel Gibson gosta de sangue, mas aqui está até bem contido, já que não se demora a mostrar o sofrimento causado pelos ferimentos. Apesar de mostrar muita violência, na maioria das cenas os estragos causados por granadas e balas de fuzil são mostrados de forma rápida, não esticando demais o sofrimento visual aos espectadores, ao contrário das cenas agonizantes que produziu em A Paixão de Cristo.

Tecnicamente o filme falha bastante em alguns aspectos. Os efeitos visuais são muito ruins, com um CGI que faz certas sequências parecerem jogo de Playstation 2, estando uns 15 anos atrás em termos tecnológicos. A cenografia e a fotografia são fracas, visivelmente o filme foi feito com baixo orçamento, tendo de repetir constantemente o mesmo cenário e fazer muitas cenas externas em estúdio. Mas há algumas boas cenas de batalha, em que é possível compreender tudo que ocorre e Mel Gibson consegue imprimir o tom dramático correto em quase todo o filme.

Andrew Garfield tem uma atuação irregular. Em muitos momentos vai bem, criando empatia com o público, mas em outros parece não ter achado o tom, alternando entre o homem muito bonzinho ou até meio bobo que não para de sorrir em situações sérias. Hugo Weaving, o eterno agente Smith, interpreta bem o pai de Desmond Doss, um veterano da primeira Guerra, alcóolatra, agressivo e amargurado. Também estão no elenco Sam Worthington, um tanto esquecido após Avatar, e Vince Vaughn, mais conhecido por comédias bobas aqui fazendo um bom trabalho em um papel sério.

Foi indicado em 6 categorias no Oscar: filme, direção, ator principal, edição, edição de som, mixagem de som. É o favorito em edição de som (os efeitos de som criados para o filme, como som de tiros), categoria tradicionalmente vencida por filmes de guerra, e pode ter algum chance em mixagem de som (a combinação de todos os elementos sonoros) mas está praticamente fora do páreo nas demais categorias.

Até o Último Homem é um bom filme de guerra. Não é muito acima da média, como deveriam ser os filmes disputando o Oscar, e nem um clássico do gênero, mas consegue ser mais do que um amontoado de clichês do estilo.

Nota: 6

Um comentário :

  1. Eu não podia acreditar que o filme foi baseado em um fato real. Sempre fui fã do trabalho de Mel Gibson, é um profissional e em cada uma das suas obras me deixa hipnotizada com o seu grande talento de narrar à história e Até O Último Homem não é a exceção. Na minha opinião, foi um dos mehores mel gibson filmes. O filme superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento. Com protagonistas sólidos e um roteiro diferente. Se vocês são amantes dos filmes de guerra, este é um que não devem deixar de ver. Eu recomendo totalmente.

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